A pílula do dia seguinte chegou há oito anos às famácias brasileiras - e em 2004 começou a ser distribuída na rede pública. Trata-se de uma cartela de dois comprimidos com hormônios que têm a missão de dificultar a fecundação e, conseqüentemente, a gravidez. Bem antes disso, ginecologistas já receitavam combinações de anticoncepcionais com efeito idêntico às clientes inseguras com as conseqüências de uma relação sexual sem proteção ou marcada por incidentes como o estouro da camisinha.
O medicamento torna mais lenta a movimentação das trompas, dificultando o percurso do óvulo e o seu encontro com o espermatozóide, momento em que se dá a fecundação. Além disso, acelera o crescimento do endométrio, a camada que reveste o útero, antecipando a menstruação e impedindo a implantação do óvulo. De acordo com especialistas, o medicamento não funciona em cerca de 15% dos casos e as chances de funcionar são maiores se a pílula for tomada até 12 horas após a relação sexual.
De acordo com pesquisa realizada pela ginecologista Albertina Duarte Takiuti, coordenadora do Programa Estadual de Saúde do Adolescente de São Paulo, houve um aumento de 80% no uso do remédio em três anos. O estudo foi feito com 178 garotas com menos de 20 anos. Um dado preocupante do estudo aponta que as garotas estão preocupadas em evitar a gravidez indesejada, mas, ao mesmo tempo, não estão tomando as devidas precauções para que isso não aconteça, tais como o uso de anticoncepcionais e preservativos. 60% das jovens que recorreram à pílula do dia seguinte fizeram sexo sem preservativo e não estavam usando nenhum outro método anticoncepcional.
A PÍLULA É ABORTIVA?
"Não entendi o motivo da condenação da pílula do dia seguinte, uma vez que a concepção se dá mais ou menos 72 horas após a relação sexual e a pílula, para ter eficácia tem que ser tomada até 12 horas após a relação, ou seja, não houve concepção. Logo, não é abortiva." Este questionamento foi enviado por uma leitora do periódico espírita "Luz do Evangelho", de Curitiba/PR. Eurípedes Kühl, médium psicógrafo e escritor espírita, autor dos livros “Genética e Espiritismo” e “Genética...Além da Biologia”, para responder a questão, procurou o Centro de Reprodução de Ribeirão Preto/SP, reconhecido nacionalmente pelo consagrado trabalho em Reprodução Humana.
Das informações prestadas pelo Centro, não há certeza entre cientistas-biólogos de todo o mundo de que a fecundação ocorre por volta de 72 horas após a relação sexual. Além disso, o tempo de percurso do espermatozóide para o encontro com o óvulo é indefinido, uma vez que devem ser considerados fatores como a motilidade variável do espermatozóide em razão da sua qualidade, a permanência ativa do espermatozóide no ambiente feminino por até 7 dias e, principalmente, a "disponibilidade" do óvulo. Havendo óvulo à disposição, a fecundação pode ocorrer bem antes de decorridas 24 horas do ato sexual. Não havendo óvulo ou ele estando ainda em movimentação do ovário para o útero, a fecundação pode demorar dias para ocorrer, dependendo de quando o óvulo será encontrado pelos espermatozóides.
Ciente disso, pode-se afirmar que as pílulas de emergência têm duas funções, dependendo da época do ciclo em que a mulher se encontrar. Caso a ovulação ainda não tenha ocorrido, ela funciona como um anovulatório, ou seja, age de forma semelhante aos anticoncepcionais. Impedida a próxima ovulação, a possibilidade de gravidez está descartada. Caso a mulher já tenha ovulado e este óvulo chega a ser fecundado pelo espermatozóide, o remédio então age impedindo a implantação do óvulo fecundado no útero.
Neste ponto começa a polêmica científica. Para alguns estudiosos, a vida começa a partir do encontro entre óvulo e espermatozóide. Neste caso, a pílula seria considerada abortiva. Uma grande parte dos cientistas, no entanto, fazem uma distinção entre fecundação e gravidez, alegando que só existe gravidez depois que houve a implantação do óvulo fecundado no útero. Para estes, a pílula do dia seguinte não parece ser capaz de interromper o processo de implantação do óvulo fecundado, mas mesmo que o medicamento tenha essa ação, tais cientistas afirmam que não haver aborto, uma vez que não houve gravidez. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a gravidez tem início após a implantação do óvulo fecundado no útero.
Do ponto de vista espírita, não há informações da espiritualidade especificamente sobre o assunto, uma vez que, à época da Codificação, este não era um tema presente nos círculos acadêmicos. No entanto, com base nos ensinamentos gerais emanados do Plano Maior, particularmente em "O Livro dos Espíritos" e nas obras de André Luiz, com destaque ao livro "Missionários da Luz", que dedica um capítulo inteiro sobre a magnitude da fecundação, podemos depreender que a ligação do Espírito com o novo corpo físico se dá no preciso momento da fecundação.
Como vimos, nem mesmo a ciência consegue precisar quando que a fecundação ocorre: se horas ou dias após a relação sexual. Portanto, o bom senso com que o estudo da Doutrina Espírita amplia nossa compreensão recomenda que jamais se deve arriscar: prudente será evitar o consumo da pílula, uma vez consumada a relação, para que mulheres e homens não sejam solidários com ato contra a vida humana.
Fraternidade Irmã Celina - Equipe do Pinga-Fogo
Muita paz.
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