IntroduçãoEmbora os conceitos iniciais da doença obsessão (enfermidade de caráter espiritual) já houvessem sido abordadas por Kardec, em 1857 no Livro dos Espíritos, a descrição completa da obsessão só foi publicada por Kardec em 1861, no Cap. XXIII do Livro dos Médiuns, onde ele define a doença, enumera suas causas, classifica seus diferentes tipos e propõem uma terapêutica eficiente.
Afirmava Kardec que a obsessão apresenta caracteres diversos, que é preciso distinguir, e que resultam do grau de constrangimento e da natureza dos efeitos que produz. A palavra obsessão é um termo genérico, pelo qual se designa esta espécie de fenômeno, cujas principais variedades são:
a obsessão simples, a fascinação e a subjugação.
obsessão simples:
Na obsessão simples o Espírito inferior procura, através de sua tenacidade e persistência, intrometer-se na vida do obsediado, dando-lhe sugestões que, na grande maioria das vezes, são contrárias a sua forma habitual de pensar. Quando se trata, por exemplo, de um médium acometido por obsessão simples, o Espírito inferior se intromete nas suas comunicações e o impede de se comunicar com outros Espíritos, ou se apresenta substituindo e se fazendo passar por outros. Entretanto, esclarece Kardec, ninguém está obsediado pelo fato de ser enganado por um Espírito mentiroso. A obsessão consiste na ação persistente de um Espírito, e do qual não se consegue desembaraçar, à pessoa sobre quem ele atua. O melhor médium pode ser enganado, sobretudo no começo, que lhe falta a experiência necessária, pode-se pois, ser enganado sem ser obsediado.O Espírito Manoel Philomeno de Miranda afirma-nos:"A obsessão simples, é uma parasitose comum em quase todas as criaturas, considerando o natural intercâmbio psíquico existente em todos os setores do Universo."Entretanto, o problema reside na fixação, pois o próprio significado da palavra obsessão, como vimos, revela idéia fixa, o que caracteriza o instalação do processo obsessivo. Surgem, assim, como sinais e sintomas da obsessão simples, as desconfianças excessivas, os estados de insegurança pessoal, as enfermidades sem causas definidas, etc. Observamos também, mudanças algo súbitas no temperamento habitual do obsediado, em razão das mensagens telepáticas emitidas pelo obsessor e reforçadas nos clichês mentais que ressurgem dos arquivos do inconsciente. Podemos incluir nessa categoria os casos de obsessão de efeitos físicos, isto é, a que consiste nas manifestações ruidosas e obstinadas de alguns Espíritos, que fazem se ouçam, espontaneamente pancadas, ruídos. Pelo que chamamos manifestações físicas espontâneas ou obsessão de efeitos físicos.
Fascinação
Na fascinação, as conseqüências são mais sérias. É uma ilusão, produzida pela ação direta do Espírito obsessor sobre o pensamento do médium, e que, de certa maneira, lhe paralisa o raciocínio e o seu julgamento relativamente às comunicações. O fascinado não acredita que o estejam enganando e o Espírito fascinador tem a capacidade de lhe inspirar confiança cega, que o impede de compreender o absurdo do que escreve ou fala, ainda que este absurdo esteja claro a todos os que os cercam. A ilusão pode mesmo ir ao ponto de fazê-lo ver o sublime na linguagem mais ridícula. O fascinado não se sente incomodado com a presença e a influência do obsessor, muitas vezes até gosta, e forma-se então o verdadeiro processo de simbiose psíquica. O médium fascinado se acredita guiado por uma entidade espiritual de alto gabarito, pois que usa nome de personagens famosos ou de Espírito de valor. O Espírito obsessor nesses casos é hábil, astuto e profundamente hipócrita, pois usa uma imagem que esconde suas verdadeiras intenções. Usa com freqüência as palavras caridade, humildade e amor a Deus como credenciais, mas, através de tudo, deixa transparecer sinais de inferioridade. A fascinação é difícil de ser tratada porque o obsediado recusa orientação e tratamento, pois não acredita estar sob influência obsessiva, e até, às vezes, acredita que todos os demais é que se encontram obsediados, magoa-se e afasta-se das pessoas que o podem esclarecer. Geralmente, os médiuns fascinados vagueiam de um centro ao outro e, muitas vezes, terminam por criarem seus próprios centros espíritas onde serão onipotentes.
Subjugação
A subjugação é o tipo de obsessão em que existe a paralisia da vontade do obsediado e o obsessor assume o domínio completo de sua vítima, que é escravizada, perdendo a vontade própria. A subjugação pode ser moral ou corporal (física).Na subjugação física, o Espírito obsessor atua sobre os órgãos materiais e provoca atos motores involuntários, variando, desde situações, como por exemplo, necessidade de escrever nas horas mais inoportunas até situações ridículas como gestos involuntários, etc. Na subjugação física, o indivíduo age contra a sua vontade e tem consciência do ridículo a que se expõe e que não consegue evitar, sofrendo muito com isso. Pode, algumas vezes, praticar atos violentos.Na subjugação moral ou psíquica, o subjugado é levado a tomar resoluções freqüentemente absurdas e comprometedoras, muito diversas da sua vontade, que, por uma espécie de ilusão, ele crê sensatas.O paciente subjugado vai sendo dominado mentalmente, tombando em estado de passividade, geralmente sob tortura emocional, chegando a perder por completo a lucidez (consciência).O subjugado perde temporária ou definitivamente, durante a sua atual reencarnação, o controle sobre a área da consciência, não podendo se expressar livremente.A visão, a audição e os demais sentidos confundem a realidade objetiva. Por fim, o obsessor toma conta dos centros de comando motor e domina fisicamente a vítima que lhe fica inerte, subjugada moral e fisicamente, agindo como um louco vulgar.A subjugação é de mais fácil reconhecimento, mas de difícil tratamento, e é raro haver cura sem deixar seqüelas. Não devemos supor na subjugação, o Espírito obsessor tome lugar no corpo do obsediado, há, sim, uma supremacia da sua vontade dominando completamente a do médium.Lembramos ainda que a obsessão é o peso que tomba sempre sobre os ombros das consciências comprometidas.A Doutrina Espírita veio desvendar o processo de nossa libertação, revelando que a cura só ocorrerá se os envolvidos no processo, reconhecendo seus débitos, procurarem a melhora. Vem demonstrar que a nossa libertação deve ser conquistada a cada dia com o empenho de todas as nossas energias e o selo de nossa responsabilidade. Dos tormentosos processos obsessivos o homem só se libertará quando compreender o quanto é responsável pelo próprio tormento, e pelos que causa, aos que hoje lhe batem às portas do coração, roubando a paz que julgava merecer. Liberdade e responsabilidade. Para merecermos a primeira temos que assumir a segunda!
Bibliografia1) Livro dos Médiuns - Allan Kardec2) A Gênese - Allan Kardec3) Nas Fronteiras da Loucura - Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo P. Franco4) Grilhões Partidos - Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo P. Franco5) Nos Domínios da Mediunidade - André Luiz/Chico Xavier6) Ação e Reação - André Luiz/Chico Xavier
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